Home / Outros / Procedimento estético: até que ponto é saudável?

Procedimento estético: até que ponto é saudável?

Vivemos na era dos filtros — digitais, sociais e emocionais. E se antes a busca pela beleza idealizada parecia restrita a capas de revista, hoje ela se instala silenciosamente no espelho de cada um, moldada por algoritmos, curtidas e padrões inalcançáveis.

A cada semana, a mídia nos apresenta novos casos que escancaram os riscos da ditadura da estética: a linha entre autocuidado e autonegação se torna cada vez mais tênue. Mas até que ponto modificar o rosto, o corpo — ou até a cor dos olhos — é saudável? Onde termina o desejo legítimo de se sentir bem e começa a urgência de se encaixar?

A cirurgiã-dentista e psicanalista Viviane Amorim, especialista em harmonização facial, aponta que o Brasil se destaca no cenário internacional quando o assunto é busca pela estética.

“Viajei por países da Europa, México e África, e percebo como a cultura brasileira tem uma relação intensa com a imagem. Há uma pressão maior aqui, especialmente pelas redes sociais. Nos EUA existe apelo estético, sim, mas aqui, é uma febre”, comenta Viviane.
“Muitas vezes, o que se busca fora reflete algo mal resolvido por dentro.”

E essa busca começa cada vez mais cedo. A enfermeira Sol Souza, de 22 anos, realizou seu primeiro preenchimento facial após perceber um incômodo com o próprio queixo.

“Não foi por comparação com ninguém. Eu me olhei e não gostava do que via. Como não queria passar por cirurgia, optei pelo preenchimento. Aproveitei e fiz mais alguns ajustes. Ficou natural e me senti muito melhor”, conta.

Mas nem sempre a mudança externa traz paz interna. A psicóloga Roberta Brito, que atua em Búzios (RJ), observa em seus pacientes um padrão preocupante: distorções de imagem e busca incessante por aprovação.

“A rigidez dos padrões estéticos aprisiona. É como se a imagem fosse um ímã, atraindo pessoas que não conseguem enxergar valor dentro de si mesmas. Ter referências externas não significa que elas devam ser seguidas cegamente”, reflete.

Ela ressalta, no entanto, que não há receita universal:

“Não existe um limite fixo. O respeito à escolha individual é essencial. O problema começa quando o desejo vira compulsão.”

A publicitária Paloma Silva, de 45 anos, é um exemplo disso. Depois de diversas cirurgias e procedimentos, ainda luta com a insatisfação.

“Já mudei quase tudo no meu rosto e no corpo, mas ainda não me reconheço no espelho. E o tempo passando só aumenta minha ansiedade. Com tantas opções no mercado, me sinto pressionada a fazer mais — e a juntar dinheiro para isso”, desabafa.

Diante de tantos relatos, uma conclusão se impõe com força: é preciso equilíbrio. Cuidar da aparência não deve custar a saúde mental. O primeiro passo? Escolher bem os profissionais, questionar os próprios motivos e lembrar que beleza verdadeira não está na simetria perfeita, mas na relação gentil que cultivamos com nós mesmos.

Profissional aplica preenchimento facial em paciente. A procura por procedimentos estéticos cresce entre jovens brasileiras.
Foto: Banco de imagens

Um comentário

  • Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipisicing elit. Minima incidunt voluptates nemo, dolor optio quia architecto quis delectus perspiciatis. Nobis atque id hic neque possimus voluptatum voluptatibus tenetur, perspiciatis consequuntur.

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *